A TÊNUE LINHA ENTRE A SUBVERSÃO E A ESTUPIDEZ

José Saramago, escritor português e ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1998, chamou, há pouco tempo, o Papa Bento XVI de “cínico intelectual” em um colóquio com o filósofo italiano Paolo Flores D'Arcais.

Interessante notar que, o corajoso e premiado escritor se considerava um “ateu tranqüilo”, mas que agora está mudando de idéia. Mas por quê? Seria realmente por uma preocupação com o papel exercido hoje pela Igreja Católica Apostólica Romana no contexto mundial ou apenas uma tentativa desesperada de se recolocar como peça chave à revolução literária? Vejamos.

O escritor ainda afirmou que não podemos deixar que a verdade seja ofendida por “supostos” representantes de Deus na terra. Afirma também que a Igreja “não se importa com o destino das almas e sempre buscou o controle de seus corpos”. Por conseguinte deixa clara sua preocupação sobre o “levante” do fascismo europeu que ameaça atacar com força nesse contexto.

Seguramente, podemos concordar que existem falsos representantes de Deus se levantando por todo o mundo e que, infelizmente, muitos têm se aproveitado de sua posição eclesiástica para dominar a vida das pessoas. Todavia, quanto ao fascismo, apesar de ser uma corrente prática da política, ocorrida na Itália, que se opunha aos diversos liberalismos, socialismos e democracias também denota a ideologia de “exaltação do homem”.

Desta feita, não seria correto afirmar que o “antropocentrismo” também é uma prática fascista?

É importante ressaltar que quando das referidas assertivas o renomado escritor se encontrava na capital italiana para divulgar seu livro “O Caderno” e sua visita ocorreu a um dia do lançamento de seu polêmico livro “Caim”.

Lembremos que hoje em dia “polêmica” está em alta. E vende muito!

E polêmica está inerente à natureza de Saramago, que numa outra ocasião, ainda sobre seu livro “Caim”, afirma que seu conteúdo polêmico não ofenderá os católicos uma vez que os mesmos “não lêem a Bíblia.”

Disse ainda que a Bíblia é um manual de maus costumes, que apresenta um Deus “dominante, cruel, invejoso e insuportável”, sendo, portanto, uma “loucura!”

E não pára por aí. Saramago também disse que tanto a Bíblia como o Corão (livro sagrado dos Muçulmanos) não tiveram inspiração divina considerando absurdo o fato de Deus se comunicar com seus redatores. Afirmou posteriormente que, a idéia de “inferno” é idiota! E que mais idiota ainda é crer que Deus não fez nada antes da criação do Universo e, após tê-lo criado, em apenas seis dias, descansou no sétimo. Até hoje! Questionando se isso faria algum sentido.

Assim, como o escritor português disse que uma determinada classe de pessoas não lê a Bíblia parece que ele mesmo também não o faz. Ou pelo menos não como deveria.

Apesar de concordar com o fato de que muitos têm se deixado levar por falsas doutrinas devemos convir com outro fato: as pessoas são livres para escolherem o caminho que querem seguir, pois, até mesmo esta escolha foi sim dada por Deus.

Limita-se em seu próprio entendimento quando afirma que Deus não se comunicaria com sua criação ou mesmo que Ele não existe. Ou pior, quando tenta entender, com sua mente tão limitada, a natureza eterna e o poder de Deus!

Não poderíamos aqui falar de outras obras pela própria escolha religiosa, mas cremos com plena segurança na divina inspiração da Bíblia. Não por mera crendice ou imposição doutrinária, mas pela existência mais que real da Vida de Deus que habita naqueles que aceitam suas verdades.

Dizer que a Bíblia apresenta um Deus insuportável, cruel, invejoso e dominante mostra a extrema estupidez a que pode chegar a natureza humana. É apresentar uma falta de sabedoria ímpar e, principalmente, a ausência total de sensibilidade espiritual para compreender os textos bíblicos, que por sua vez é essencial para esta leitura.

Não precisaríamos aqui refutar tais assertivas citando textos bíblicos, pois tal “sábio” se diz ateu, entretanto, como cremos que a Bíblia é sim poderosa para transformar vidas e mentes destruídas em renovadas, gostaríamos de salientar uma de suas preciosidades.

Concordamos totalmente quando o autor diz que a idéia apresentada pela Bíblia não passa de “loucura”... loucura para os que se perdem em sua vã sabedoria mas poder de Deus para os salvos por seu amado filho Jesus Cristo!

Salvos do poder do pecado que impera na natureza humana e cria esse tipo de enfermidade espiritual. Pois, o próprio Jesus, afirma que: “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Verdade esta que não se limita ao padrão humano de justiça, mas que compreende a extensa misericórdia de Deus.

Por fim, nos parece claro que apesar da “suposta” intenção de Saramago em abrir os olhos do homem tornando-se revolucionário quanto ao aspecto ineficaz da religião, cerra-se em seu próprio entendimento e não entende que não se trata de religião, mas de um mal que o próprio escritor também sofre: “a ausência de Deus no coração”

Que o Senhor Jesus lhes conceda a verdadeira liberdade!